Nicolau Maquiavel inaugurou o pensamento da política moderna abordando-a independente das concepções cosmológicas (origem na Grécia) e teológicas (Idade média) do passado.
Na sua célebre obra (O Príncipe), convêm inicialmente analisarmos as circunstâncias que diferenciavam a chamada ação política, que, em primeiro momento, é representada pela ação do príncipe no contexto histórico de uma Itália dividida - portanto, o poder deveria ser conquistado e mantido a todo custo pelo príncipe justificando-se o poder absoluto. Posteriormente, seria possível a instalação de um governo republicano.
Apesar de todo mito que a história em conjunto com a péssima interpretação de seletos leitores deram ao livro, pejorativamente, "maquiavelismo" - é notável as ideias democráticas que aparecem veladamente no capítulo IV quando Maquiavel discorre sobre a importância que um governador tem de adquirir apoio do povo - frisando que esta garantia é tão importante quanto ter o apoio dos grandes, que no geral, são ambiciosos e traiçoeiros (ideia d consenso).
As ações do príncipe no livro se pautam nas expressões virtu e fortuna, na qual a primeira significa à força, valor e a qualidade guerreira do príncipe, e não que ele seja virtuoso, bom e justo - conforme a moral cristã concebe como significação; mas sim, daquele príncipe capaz de perceber o jogo de forças políticas para agir com firmeza e com objetivo de atingir ao poder.
Já a segunda expressão, em sentido amplo, significa acumulo de riquezas implicando interpretarmo-nas pela teoria da roda da sorte, onde caberá ao príncipe se aproveitar das ocasiões oportunas.
Trazendo esta ideia para o campo da moral, fica evidente que Nicolau Maquiavel discorda de que esta deva orientar a ação política segundo as normas abstratas; mas sim, a partir do exame da situação específica, tendo em vista a função do resultado, já que é um fato compreendido de que toda ação política visa a sobrevivência de um grupo.
Conclusão: as ideias de Maquiavel na sua obra não se tratam de uma forma de "amoralismo", mas de uma nova forma de moralidade centrada em critérios de avaliação daquilo que é útil para o todo da comunidade. Se, para tanto, moral é o bem da comunidade, deve o príncipe manter-se no poder a todo custo para assegurar as conquistas; é esta razão que, no mais das vezes, o mal poderá ser legítimo em certas ações em prol do Estado.
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